A partir de um levantamento realizado pela Genera, com base em mais de 260 mil DNAs analisados, foi possível traçar um perfil genético da população brasileira, que diz muito sobre a ancestralidade de cada estado e região. Mas o que esse estudo aponta sobre o DNA da Bahia? Continue a leitura para entender mais sobre as raízes ancestrais do povo baiano.

Formação histórica e raízes ancestrais da Bahia

O estado da Bahia é rico em história, cultura e diversidade, e está diretamente relacionado a formação do próprio povo brasileiro.

Os europeus chegaram primeiro na Bahia

A Bahia foi o primeiro local avistado e ocupado pelos portugueses ao chegarem ao país, em 1500: o Monte Pascoal, no sul da Bahia, foi o primeiro sinal de terra firme avistado pelos portugueses das caravelas de Pedro Álvares Cabral e, dias depois, eles aportaram em Porto Seguro.

Tendo ali aportado os primeiros portugueses a chegarem no país, o povoamento do Brasil tem início na Bahia, a partir de 1534, com forte influência dos jesuítas. E a cidade de Salvador, hoje capital do estado, foi a primeira capital brasileira, fundada em 1549 pelo Governador-Geral Tomé de Souza.

Considerando as pessoas da Bahia que fizeram o teste genético da Genera, a Europa corresponde a 62,98% de sua ancestralidade.

| Leia mais: A Europa no DNA do brasileiro

O primeiro contato com povos originários

Ao chegarem em terras brasileiras, os portugueses não encontraram um lugar deserto. Havia muitos e diferentes povos originários que já habitavam o novo continente. Os primeiros povos indígenas a terem contato com os europeus são do grande ramo Tupi, cujas tribos habitavam o praticamente toda a extensão do litoral brasileiro. Os tupiniquins, grupo indígena pertencente à família Tupi, foram os nativos com os quais se deparou a esquadra de Cabral ao aportar na Bahia, em abril de 1500.

| Leia também: Como a ancestralidade indígena faz parte da nossa história?

No início da colonização portuguesa, era comum casamentos entre portugueses e mulheres indígenas, até mesmo como uma forma de formar alianças políticas com tribos aliadas. Contudo, o relacionamento entre europeus e indígenas não foi benéfico para esses últimos. As populações originárias foram praticamente dizimadas durante a colonização, se não pelos conflitos, pela disseminação de doenças das quais os povos nativos não possuíam imunidade.

E mesmo sendo na Bahia o primeiro contato dos colonizadores com os povos originários e início da ocupação portuguesa, a ancestralidade global da população atual do estado, considerando a amostragem de pessoas que fizeram o teste genético da Genera, conta com 5,45% de seu DNA proveniente das Américas, sendo o terceiro estado com menor representatividade dessa ancestralidade. Mas, em relação à linhagem materna, os haplogrupos mais comuns nas Américas têm representatividade de cerca de 25% da população da Bahia.

| Dica de leitura: O que são haplogrupos e o que eles dizem sobre a nossa história ancestral?

O principal destino para os africanos escravizados

A Bahia também foi um dos primeiros e principais destinos do tráfico de escravos africanos, que durou por séculos. Somente na Bahia, estima-se que mais de um milhão e trezentas e quarenta mil pessoas escravizadas desembarcaram, trazidas de diferentes regiões da África. Esse número representa um terço de todas os africanos escravizados trazidos ao Brasil durante a vigência do tráfico negreiro.

Com a grande quantidade de africanos trazidos ao estado, sua ancestralidade não poderia ser diferente: 23,05% do DNA do povo baiano vêm da África. A Bahia é o estado brasileiro com maior representatividade africana em sua ancestralidade genética. E não é diferente para linhagens, especialmente a materna, cujos haplogrupos provenientes da África estão presentes em 48,90% das pessoas da Bahia que fizeram o teste da Genera. Não é a toa que a cidade de Salvador é considerada a capital afro no Brasil.

A região africana mais representativa no DNA do brasileiro é Costa da Mina, com 3,84%. Costa da Mina localiza-se no Golfo da Guiné e engloba os atuais países Gana, Togo, Benim e Nigéria. Em seguida, encontram-se as regiões África Ocidental e África Oriental, com 3,37% e 1,56% de representatividade, respectivamente. Todo o continente africano contribuiu de uma forma muito rica com a cultura brasileira.

| Saiba mais: A África no DNA do brasileiro