A partir de um levantamento realizado pela Genera, com mais de 260 mil DNAs analisados, foi possível traçar um perfil genético da população brasileira, que revela informações interessantes sobre a ancestralidade de cada estado e região do Brasil. Mas o que esse estudo aponta sobre o DNA de Brasília, a capital do país? Continue a leitura para entender mais sobre as raízes ancestrais da população brasiliense.

Uma capital no centro do território nacional

A intenção de levar a capital do Brasil para o interior do país existia desde o século XVIII, como uma forma de protegê-la, mantendo-a distante das fronteiras e da costa litorânea. Entretanto, a construção da cidade só foi iniciada em 1956, com a eleição de Juscelino Kubitschek.

A cidade foi planejada seguindo o plano urbanístico e arquitetural de Lúcio Costa e Oscar Niemeyer, e os edifícios mais complexos, como os palácios e a catedral, seguiram os projetos estruturais do engenheiro Joaquim Cardozo. No dia 21 de abril de 1960, Brasília foi inaugurada, tornando-se a terceira capital do país, após Salvador e Rio de Janeiro. A partir dessa data, os principais órgãos da administração federal começaram a ser transferidos para a nova capital.

Tanto por sua importância como capital federal quanto por sua localização no centro do país, Brasília recebeu muitos migrantes de todas as regiões do Brasil, tornando-se um verdadeiro indicador do perfil do povo brasileiro. Contudo, os primeiros moradores a chegarem na cidade foram principalmente os nordestinos que trabalharam na construção do município.

Brasília foi projetada para abrigar no máximo 500 mil pessoas até o ano 2000, mas ultrapassou esse limite. De acordo com o último censo do IBGE, de 2022, Brasília possui uma população de mais de 2,8 milhões de pessoas, tornando-se a terceira cidade mais populosa do Brasil.

Os povos originários da região de Brasília

Em seus primórdios, antes da chegada dos colonizadores onde atualmente é Brasília, a região era ocupada por povos indígenas do tronco linguístico macro-jê, que inclui os acroás, os xacriabás, os xavantes, os caiapós, os javaés, entre outras populações originárias.

Quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro, tiveram um contato inicial e mais frequente com as tribos tupi-guaranis, que estavam dispersas praticamente por toda a costa litorânea. Os tupis-guaranis chamavam os povos indígenas falantes de outras línguas como tapuia, que significava inimigos, e os portugueses acabaram incorporando esse vocábulo para designar os povos originários mais presentes no interior da colônia, incluindo os do tronco macro-jê. Considerados pelos europeus como mais primitivos e, portanto, mais difíceis de conquistar e catequisar, esses povos originários foram duramente combatidos e exterminados.

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A marcha para o oeste

A região onde hoje é o Distrito Federal era próxima à linha do Tratado de Tordesilhas, que dividia os domínios portugueses e espanhóis nas Américas durante o período colonial. Portanto, havia interesse dos portugueses em desbravar o interior do território, a fim de ocupá-lo e protegê-lo dos espanhóis.

Além disso, na primeira metade do século XVIII, com o Ciclo do Ouro, a região tornou-se rota de passagem de bandeirantes e garimpeiros, de origem portuguesa, partindo principalmente dos estados de São Paulo e Minas Gerais, em direção às minas de Mato Grosso e Goiás. Alguns povoados foram fundados nessa época, como os que formaram o município de Planaltina, que hoje pertence à região metropolitana de Brasília.

Outro momento importante de ocupação da região, conhecido como Marcha para o Oeste, ocorreu durante o Estado Novo, na na década de 1940. Getúlio Vargas, que então governava o país, promoveu a marcha sob um forte discurso nacionalista de industrialização e desenvolvimento econômico do país, com o objetivo de promover a povoação e integração econômica de vastas áreas nas regiões Centro-Oeste e Norte. A transferência da capital brasileira para o interior do Brasil também estava nos planos de Vargas.

O DNA da população de Brasília

Por ser uma cidade relativamente nova e por ter recebido migrantes de todos os estados brasileiros – e também estrangeiros que foram trabalhar nas embaixadas de outros países -, Brasília é um verdadeiro caldeirão cultural, com uma grande diversidade, inclusive genética, de sua população. Dados de 2010 do IBGE apontavam que cerca de metade da população de Brasília não nasceu na cidade, sendo originários principalmente de Goiás, Minas Gerais e Bahia.

Em relação à genética de seus habitantes, segundo levantamento da Genera, possui uma média de 73,52% de DNA europeu, com destaque para região da Ibéria, que corresponde a 33,28%. Em seguida, as regiões da Europa Ocidental e da Itália são as com maior frequência, com 13,25% e 11,64%, respectivamente.

Já de ancestralidade indígena, o povo brasiliense atual é formada por 6,93% de DNA advindo de povos originários das Américas, com destaque para povos da Amazônia e da América Andina.

A África também está bastante presente no DNA brasiliense. O continente representa 11,72% da ancestralidade genética da população de Brasília, sendo que as regiões de Costa da Mina e África Ocidental são as mais representativas.

As porcentagens do DNA de Brasília se aproximam muito do DNA do Distrito Federal como um todo, e também estão bastante próximas das médias nacionais, o que pode ser explicado pela presença de pessoas de todas as regiões brasileiras na cidade que é a capital do país.

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