A degeneração macular relacionada à idade, ou DMRI, é a principal causa de perda severa e irreversível da visão em pessoas com mais de 50 anos. Estudos indicam que a condição pode atingir até 25% da população na faixa dos 75 anos.

A doença afeta atividades cotidianas como ler um livro, reconhecer o rosto de um amigo ou ver as horas. Mas o que exatamente causa essa condição? Existem formas de prevenir ou de tratar? Siga a leitura e conheça essas e outras respostas a dúvidas comuns sobre o tema.

Degeneração macular: o que é?

A degeneração macular relacionada à idade é uma doença decorrente de lesão progressiva da mácula, uma pequena área localizada bem no centro da retina.

A retina, por sua vez, é o tecido do fundo do olho que capta a luz e envia sinais para o cérebro, que processa essas informações e forma as imagens que enxergamos.

A mácula é responsável pela visão central de alta definição, permitindo que enxerguemos detalhes finos com clareza. É graças a ela que conseguimos ler, dirigir e distinguir feições.

Quando a mácula se degenera, a visão central fica borrada ou com uma mancha escura, enquanto a visão periférica (dos lados) geralmente continua normal.

Tipos de degeneração macular

A doença se apresenta de duas formas diferentes, com causas e tratamentos distintos.

  • DMRI seca ou atrófica: é a forma mais comum, correspondendo a cerca de 90% dos casos. Ela acontece devido ao acúmulo de pequenos depósitos amarelados, chamados drusas, sob a mácula. A progressão costuma ser lenta e gradual, ao longo de vários anos.  
  • DMRI úmida ou neovascular: forma menos frequente e mais grave. Ela acontece quando vasos sanguíneos anormais se desenvolvem sob a retina. Esses novos vasos são frágeis e podem vazar fluido ou sangue. Isso danifica a mácula rapidamente, levando a uma perda de visão mais rápida e acentuada. 

O que causa a degeneração macular?

A principal causa da degeneração macular é o processo natural de envelhecimento. Mas o envelhecimento não age sozinho. Outros fatores de risco aumentam muito a chance de desenvolver a doença.

O tabagismo é considerado o fator de risco modificável mais importante. Além dele, a genética e o histórico familiar também têm um peso grande. Outros pontos que contribuem são:

  • Exposição à poluição: um estudo realizado em Taiwan e publicado no Journal of Investigative Medicine associou a exposição a longo prazo a poluentes de automóveis, como o dióxido de nitrogênio, a um risco aumentado de DMRI.
  • Doenças cardiovasculares: pessoas com hipertensão, colesterol alto e obesidade têm maior probabilidade de desenvolver a condição.
  • Dieta: uma alimentação pobre em antioxidantes, vitaminas e minerais pode contribuir para a degeneração da mácula.
  • Exposição ao sol: a exposição excessiva à luz solar (radiação UV) sem proteção ao longo da vida também é um fator de risco.

Prevenção

Embora a gente não possa mudar a genética ou parar o tempo, o controle dos fatores de risco modificáveis é importante para a prevenção da degeneração macular.

A medida mais eficaz é não fumar. Além disso, manter uma dieta saudável e equilibrada faz toda a diferença. Priorize vegetais de folhas escuras, como couve e espinafre, e peixes ricos em ômega-3.

Outras medidas seriam:

  • Controlar a pressão arterial e os níveis de colesterol;
  • Manter um peso corporal saudável;
  • Praticar atividades físicas regularmente;
  • Usar óculos de sol com proteção UV sempre que se expor ao sol.

Como saber se tenho predisposição para desenvolver degeneração macular?

Saber se você tem uma predisposição para a doença significa, antes de tudo, conhecer seus fatores de risco. Algumas características e hábitos aumentam a chance de uma pessoa desenvolver a condição ao longo da vida, e os principais seriam:

  • Idade: é o fator mais significativo. O risco aumenta consideravelmente a partir dos 60 anos.
  • Histórico familiar: ter pais ou irmãos com degeneração macular é um forte indicativo. Isso acontece porque a doença tem um importante componente genético.
  • Tabagismo: fumar duplica, ou até quadruplica, o risco de desenvolver a doença, além de acelerar sua progressão.
  • Etnia: estudos mostram que a DMRI é mais prevalente em pessoas de pele branca.
  • Estilo de vida: fatores como obesidade, pressão alta e uma dieta pobre em antioxidantes também contribuem para o risco.

O papel dos testes genéticos

O histórico familiar nos dá uma pista, mas, hoje, a tecnologia permite ir além. Já conseguimos olhar diretamente para o DNA e entender melhor as nossas predisposições. 

A Genera oferece análise de variante específica que está associada a um maior risco de desenvolver a degeneração macular. O gene analisado para essa condição é o ARMS2, responsável por uma proteína presente nos olhos. 

Funciona da seguinte forma: o teste identifica se você possui uma variante genética que torna suas células da mácula mais suscetíveis à essa condição. O resultado não é uma sentença, mas sim ferramenta de autoconhecimento e prevenção. 

Ao saber de uma predisposição genética, você e seu médico oftalmologista podem traçar um plano de acompanhamento ainda mais cuidadoso. Isso pode incluir consultas mais frequentes e um foco redobrado em hábitos protetores, como não fumar e manter uma dieta rica em nutrientes essenciais para a saúde dos olhos. 

São cuidados que contribuem para uma longevidade com mais autonomia e qualidade de visão. 

Sintomas 

O sintoma mais característico da degeneração macular é a perda da visão central de forma gradual e indolor. Muitas vezes, uma mancha borrada ou um ponto cego surge bem no meio do campo visual, atrapalhando a leitura. 

No entanto, outros sinais podem aparecer e merecem atenção: 

  • Visão distorcida: linhas retas, como batentes de portas ou janelas, podem parecer tortas, onduladas ou quebradas. 
  • Dificuldade de adaptação ao escuro: a visão pode demorar mais para se ajustar em ambientes com pouca luz. 
  • Cores menos vivas: a percepção da intensidade e do brilho das cores pode diminuir. 
  • Necessidade de luz mais forte: a pessoa passa a precisar de mais luz para ler ou realizar outras atividades de perto. 

Quando procurar por um médico? 

Procure um médico oftalmologista imediatamente ao notar qualquer um dos sintomas relatados anteriormente. Não espere a situação piorar. A detecção precoce é o fator mais importante para controlar a progressão da doença e preservar o máximo de visão possível. 

Se você tem mais de 50 anos, faça consultas oftalmológicas de rotina, mesmo sem sintomas. O médico pode identificar os primeiros sinais da doença, como o surgimento de drusas, antes mesmo que sua visão seja afetada. 

Diagnóstico da degeneração macular 

No diagnóstico da condição, o primeiro passo costuma ser o exame de fundo de olho, ou oftalmoscopia. Durante este procedimento, o médico consegue observar a retina e a mácula, podendo identificar os primeiros sinais da doença, como o surgimento de drusas.  

Contudo, o exame de fundo de olho apenas sugere o problema. Para ter certeza e entender a gravidade, a confirmação do diagnóstico depende de exames de imagem como a retinografia
 
A retinografia é a fotografia colorida e detalhada do fundo do olho. E serve para registrar as alterações encontradas e acompanhar a evolução ao longo do tempo. 

Além disso, para diferenciar a forma seca da úmida e planejar o tratamento, outros exames podem ser solicitados, como: 

  • Tomografia de coerência óptica (OCT): é o principal exame. Funciona como um escaneamento de alta precisão que mostra as camadas da retina em detalhes. O OCT consegue detectar com clareza o acúmulo de líquido, sendo importante para o diagnóstico da DMRI úmida. 

  • Angiofluoresceinografia (ou angiografia com fluoresceína): exame relevante para confirmação da forma úmida da doença. Um contraste é injetado na veia do paciente e, enquanto ele circula pelos vasos do olho, o médico tira uma série de fotos. O objetivo é flagrar se há vazamento de líquido dos vasos sanguíneos, o que confirma a atividade da DMRI úmida. 

Tratamentos

O tratamento da degeneração macular depende diretamente do seu tipo. É importante ressaltar que as terapias atuais visam controlar a doença, estabilizando ou melhorando a visão, mas ainda não há uma cura definitiva. 

Tratamento para a DMRI seca

Para a forma seca, ainda não existe um tratamento específico para reverter os danos. A principal abordagem é retardar sua progressão.  

O médico pode recomendar uma suplementação com uma fórmula específica de vitaminas e minerais com ação antioxidante, como vitaminas C e E, zinco e cobre, e carotenoides, como luteína e zeaxantina. Essa indicação é baseada em estudos clínicos e se aplica a estágios intermediários ou avançados da doença.

Tratamento para a DMRI úmida 

A forma úmida, por ser mais agressiva, exige um tratamento mais direto. A terapia mais comum e eficaz, inclusive disponível no Sistema Único de Saúde (SUS), é a injeção de medicamentos antiangiogênicos (ou anti-VEGF) diretamente no olho. 

Esses medicamentos, como o ranibizumabe e o aflibercepte, bloqueiam a ação de uma proteína que estimula o desenvolvimento de vasos sanguíneos anormais. As injeções são rápidas, feitas com anestesia local (colírio) e ajudam a reduzir os vazamentos, podendo estabilizar e até recuperar parte da visão perdida. 

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Pesquisas recentes e o futuro do tratamento 

Pesquisas promissoras, como as apresentadas pelo Nobel de Medicina Shinya Yamanaka e discutidas no Brasil, exploram o uso de células-tronco para substituir as células da retina danificadas. 

Outra frente de estudo, realizada na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP-USP), investiga o autotransplante de células-tronco da medula óssea. Os resultados preliminares mostraram segurança e eficácia na melhora da qualidade visual de idosos com a forma seca da doença. 

Revisado por: Larissa S. Penna, Biomédica, Doutora em Biologia Celular e Molecular e Analista de Pesquisa e Desenvolvimento na Genera