Que o Brasil é um dos países mais diversificados do planeta, todo mundo sabe. Mas já parou pra pensar no quanto as nossas ancestralidades influenciam na nossa cultura e, consequentemente, na na música brasileira?

Temos uma incrível diversidade de estilos musicais únicos, presentes em cada parte de nosso território, e que contam muito de nossa história. Mas nossa música também tem suas próprias influências e ancestralidades.

Prepare o seu gingado e confira a seguir um pouco sobre a ancestralidade da música brasileira.

A história da música brasileira

A música brasileira se formou a partir da mistura de elementos nativo-americanos, europeus e africanos. Mas, com o decorrer da história, elementos de outras nacionalidades e culturas foram integrando nossa musicalidade, e assim foram sendo criados, em cada região do país, ritmos musicais únicos.

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Descobrindo um Brasil musical

Na época da chegada dos portugueses ao Brasil, eles se espantaram com a cultura indígena, incluindo a forma como eles faziam música. Os povos originários cantavam, dançavam e tocavam instrumentos como chocalhos, flautas e tambores.

Os nativo-americanos utilizavam predominantemente instrumentos de sopro e percussão, como o maracá (espécie de chocalho) e reco-reco, que até hoje são utilizados em nossa música. Além de instrumentos compartilhados, os quais sofrem algumas variações, cada tribo possui também seus instrumentos específicos.

A música é muito importante na cultura indígena. Além de seu papel espiritual, por ela, as tribos preservam grande parte de suas memórias e tradições.

Ouça abaixo uma música do grupo musical “Memória Viva Guarani“, formado por um coral de crianças de aldeias localizadas em São Paulo e Rio de Janeiro:

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A erudição das escolas europeias

Os primeiros professores de músicas no Brasil foram os Jesuítas. Estes padres eram responsáveis tanto pela catequização dos indígenas, convertendo-os ao catolicismo, quanto por integrá-los à sociedade, transformando-os em cidadãos aos olhos europeus. Anos após as primeiras missões jesuítas, já existiam orquestras inteiras compostas apenas por pessoas indígenas.

Mas o Classicismo chegou com tudo no país a partir de 1808, junto com a corte de Dom João, quando fugindo das tropas napoleônicas se mudou para o Brasil. A família real trouxe consigo a sua biblioteca musical, uma das melhores da Europa, além de músicos prestigiados do continente. Foi nesse período que surgiu o primeiro grande compositor brasileiro: o padre José Maurício Nunes Garcia, além de outros nomes da música clássica do país.

Ouça abaixo “Abertura em Ré“, uma das composições mais famosas do músico José Maurício Nunes Garcia:

Até o século XIX, devido às relações da colonização, era principalmente por Portugal que recebíamos influências musicais. E não eram necessariamente portuguesas, mas genericamente europeias. Assim, seguindo a tendência da Europa, nosso instrumental, sistema harmônico e literatura musical foi ganhando forma, principalmente na música erudita, mas também na popular.

Mas, era praticamente impossível manter a nossa musicalidade restrita à erudição europeia. Os elementos africanos e indígenas já estavam presentes e integrados na nossa cultura, e tiveram um grande papel no desenvolvimento da música popular e folclórica. Os povos africanos e nativos contribuíram com diversidade rítmica e danças, além do uso de diferentes instrumentos. Temos, por exemplo, o maracatu, instrumento de origem africana, e o carimbó, ritmo de influência indígena.

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O ritmo e o batuque africanos

A época da escravidão e migração forçada de povos africanos, que durou por séculos, foi um período muito triste e que ainda hoje reverbera em nossa sociedade. Mas, a população retirada à força de suas nações, manteve muito de suas origens, costumes e tradições na expressão musical. Os povos africanos contribuíram muito para a formação cultural do Brasil, incluindo a música.

Para os africanos, a música já tinha um papel fundamental na cultura e espiritualidade, mas agora, para os afro-brasileiros, a música passa a ser também lembrança de suas raízes e homenagem aos ancestrais.

Vale ressaltar, ainda, que o tráfico de escravos tirou pessoas de diferentes etnias, com suas culturas e tradições específicas, de seus países de origens, e as trouxe a viver no Brasil longe de suas famílias e tribos, obrigadas a conviver com pessoas de outras nacionalidades africanas, como se fossem um único e mesmo povo. Aqui, para sobreviverem, suas tradições, incluindo as musicais, acabaram se mesclando e, portanto, a música afro-brasileira tem influência de diferentes nações da África.

Os instrumentos musicais de origem africana, especialmente os de percussão, são utilizados até hoje em composições nacionais. Exemplos são o agogô e o berimbau. Esses instrumentos conferem ritmo à musicalidade, e por isso estão bastante associados à dança. Se a música brasileira, em seus mais diferentes estilos, é caracterizada pelo ritmo dançante, então muito ela deve aos povos africanos.

Ouça, a seguir, uma música tocada com instrumentos africanos:

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O intercâmbio cultural proporcionado pelas migrações

Com o passar do tempo, principalmente com as diversas migrações que ocorreram no Brasil ao longo de sua história, as relações com outros países além de Portugal trouxeram diversos elementos musicais de diferentes nações, e que também influenciaram no desenvolvimento de estilos musicais únicos no país, sobretudo nas expressões locais e regionais.

Podemos citar como exemplos desses novos elementos musicais as óperas italiana e francesa, os ritmos e danças típicas de origem espanhola, como bolero e zarzuela, e também alemã, como valsas e polcas, sem falar de ritmos da própria América, como habanera, de origem cubana. E o próprio blues e jazz americano também tiveram importante participação na construção da música brasileira.

A globalização musical

Ainda hoje, a música brasileira sofre influências de outros países, buscando referências nos diversos ritmos espalhados pelo planeta e que fazem sucesso mundo a fora. O rock americano e inglês, o reggaeton latino e caribenho, o pop e até mesmo o k-pop (pop coreano) têm sido inspirações para as composições brasileiras.

Mas também o Brasil influencia a musicalidade pelo mundo. Com seus ritmos únicos e dançantes, o país tem exportado cada vez mais produções autorais e se destacado no cenário global da música, com artistas antigos e novos sendo reconhecidos por todos os cantos do planeta.

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