Você provavelmente já ouviu falar da relação entre genética e os tipos sanguíneos e que nossas células sanguíneas (Hemácias) possuem papel muito importante no transporte de ferro em nosso organismo. Porém, além disso, algumas características das hemácias estão relacionadas com a determinação de nosso tipo sanguíneo.

Isso porque essas células possuem em sua superfície diversas moléculas, entre elas os famosos antígenos A, B e Rh. Essas moléculas, que fazem parte da classe das glicoproteínas, são chamadas de antígenos (anti = abreviação de anticorpogeno do grego Gennao = eu produzo) porque, quando entram em contato com o sistema imunológico de um organismo, podem ser interpretadas como corpos estranhos, o que estimula a produção de anticorpos.

Os anticorpos, por sua vez, são moléculas produzidas por nossos organismo para, em linguagem simples, nos defender de agentes estranhos, que podem ser vírus, bactérias – ou, até mesmo, os tais antígenos A, B e Rh…

Na realidade, os antígenos A, B e Rh em si não representam ameaças a nosso organismo. No entanto, o contato desses antígenos com os respectivos anticorpos gera uma reação denominada aglutinação (por esse motivo, esses antígenos também são chamados de “aglutinogênios”; e os respectivos anticorpos, de “aglutininas”).

Como os antígenos A, B e Rh estão na superfície de nossas hemácias, a reação de aglutinação gera aglomerados de células sanguíneas e pode, inclusive, resultar na destruição dessas células. Os sintomas de todo esse quadro podem ser: urina escurecida, febre, pressão baixa e até mesmo taquicardia.

Mas nem todas as pessoas produzem anticorpos ao entrar em contato com esses aglutinogênios. Isso porque, se você possuir alguma dessas moléculas em suas próprias células, seu organismo não reconhecerá tais moléculas como corpos estranhos. Para entender essa questão, faremos uma breve explicação sobre os tipos sanguíneos e genética.

Quando pensamos em genética e tipo sanguíneo, é importante pensar “em duas partes”. Primeiro, pensaremos nas letras: A, B e O. Quem é do tipo sanguíneo A possui em suas hemácias apenas a molécula A. Quem é do tipo B, apenas a molécula B. E quem é do tipo AB possui ambas as moléculas: tanto A, quanto B. No entanto, há também o tipo O. Podemos pensar na letra “O” como uma alusão ao número “0” (zero). Assim, quem é do tipo O não possui nenhuma das duas moléculas citadas acima: nem A, nem B.

No entanto, há também uma parte de nosso tipo sanguíneo que é designada por um símbolo: positivo (+) ou negativo (-). Esses símbolos dizem respeito à presença ou ausência de uma outra molécula, sobre a qual já comentamos: o fator Rh. Sendo assim, quem é positivo possui o fator Rh em suas hemácias, e quem é negativo, não possui.

Dessa forma, alguém do tipo AB+, por exemplo, possui as moléculas A, B e Rh em suas células. Enquanto quem é do tipo O-, não possui nenhuma delas (O = ausência de A e de B; negativo = ausência do fator Rh).

Voltando à questão dos anticorpos, podemos então fazer o seguinte raciocínio: por possuir tanto os aglutinogênios A e B, quanto o Rh, uma pessoa do tipo AB+ poderia entrar em contato com qualquer uma dessas moléculas sem que seu organismo as interpretasse como “agentes invasores”.

Assim, essa pessoa nunca produziria anticorpos contra essas moléculas. Já uma pessoa do tipo O-, por não possuir nenhuma das moléculas citadas acima, produzirá anticorpos contra qualquer uma delas, pois tais moléculas serão interpretadas como “corpos estranhos”.

É por isso que, em procedimentos de transfusão de sangue, se torna tão importante saber o tipo sanguíneo do doador e do paciente que receberá a transfusão. Se uma pessoa do tipo O- recebe o sangue de uma pessoa do tipo O+, por exemplo, só o fato de haver a molécula Rh no sangue do doador já será suficiente para gerar a produção de anticorpos no organismo do paciente, podendo resultar nos sintomas já listados acima.

Tudo isso é coordenado por vários genes diferentes, o que é explicado aqui, na parte II.

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