Você já teve a impressão de que “Silva” está por toda parte? E de fato está. Ele encabeça a lista dos sobrenomes mais comuns no Brasil. Cerca de 15% dos 212,6 milhões de brasileiros têm Silva como sobrenome, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).  

Essa lista é um retrato fiel da nossa história, marcada pela forte herança da colonização portuguesa. Entender a origem de nomes como Silva, Santos e Oliveira é uma maneira de compreendermos melhor as raízes que formam o povo brasileiro. 

Quais são os sobrenomes mais comuns no Brasil? 

Os sobrenomes mais comuns no Brasil são, em sua grande maioria, de origem portuguesa, reflexo da forte influência do período colonial.  

A origem dos sobrenomes se divide em cinco grandes grupos: 

  • Sobrenomes toponímicos: ligados a um lugar, como um rio, uma cidade ou uma plantação (Oliveira, Costa, Ribeiro). 
  • Sobrenomes patronímicos: indicam a filiação, ou seja, “filho de alguém” (Rodrigues, filho de Rodrigo; Alves, filho de Álvaro). 
  • Sobrenomes religiosos: nomes com forte conexão com a fé católica, predominante na época (Santos, Nascimento). 
  • Sobrenomes derivados de profissões: nomes associados a ocupações (Hunter, de caçador; Ferrari, de Ferreiro). 
  • Sobrenomes derivados de características pessoais ou apelidos: nomes que se originaram a partir de características psicológicas, físicas ou sociais, qualidades, defeitos ou um apelido dado ao patriarca da família (Klein ou Piccoli, referente a pequeno; Gross, referente a grande). 

Lista dos sobrenomes mais comuns no Brasil 

Conheça agora os sobrenomes mais frequentes no país, com a origem e a quantidade de pessoas que os carregam. 

Silva 

Origem: vem do latim, significando “selva” ou “floresta”. Esse sobrenome já era usado na Roma antiga e reapareceu na Idade Média na Península Ibérica. Muitos acreditam que Silva se tornou comum no Brasil porque era usado para identificar famílias que viviam no interior, enquanto Costa indicava quem morava no litoral. 

Brasileiros: 31.917.284 

Santos

Origem: sobrenome ligado à religião, que era frequentemente atribuído a pessoas nascidas no Dia de Todos os Santos (1º de novembro). Também foi amplamente adotado por judeus convertidos ao cristianismo que migraram para o Brasil, além de africanos escravizados. 

Brasileiros: 19.983.363 

Oliveira 

Origem: sobrenome toponímico, ligado a locais com plantações de oliveiras — árvores que produzem azeitonas. 

Brasileiros: 11.471.361 

Souza (ou Sousa) 

Origem: também é um sobrenome toponímico. Deriva do latim “saxa”, que significa “rochas”, e faz referência ao rio Sousa, em Portugal.  

Brasileiros: 9.116.903 Souza e 2.967.570 Sousa 

Pereira  

Origem: o sobrenome Pereira é de origem toponímica e remonta a uma das famílias mais antigas da Península Ibérica. A linhagem adotou o nome a partir de uma quinta situada junto ao rio Ave.  

Brasileiros: 6.575.782 

Ferreira 

Origem: um sobrenome ligado a uma profissão ou a um local. Vem de “ferreiro” ou de um lugar com minas de ferro. 

Brasileiros: 6.097.655 

Rodrigues  

Origem: é um patronímico que significa “filho de Rodrigo”. O nome Rodrigo, de origem germânica, significa “líder glorioso”. 

Brasileiros: 5.607.819 

Alves  

Origem: também é um patronímico e significa “filho de Álvaro”. Alguns atribuem origem árabe ao nome, associando-o a termos como al-barî (“o perfeito”), enquanto outros defendem uma raiz germânica, ligada a Alawara, com o significado de “aquele que vigia ou protege tudo”. 

Brasileiros: 5.526.949 

Lima  

Origem: sobrenome toponímico originário da cidade de Lima, na Galícia, Espanha. Segundo genealogistas, a linhagem teria início em Dom Juan Fernandez de Lima, conhecido como “o Bom”. Acredita-se que, inicialmente, o nome tenha sido adotado por famílias que viviam próximas ao rio Lima, que corre da Espanha até Portugal. 

Brasileiros: 5.448.035 

Costa

Origem: sobrenome toponímico que vem do latim. Acredita-se que o sobrenome Costa tenha origem no solar da Quinta da Costa, na comarca de Guimarães. No Brasil, alguns genealogistas sugerem que ele também tenha sido adotado por famílias que se fixaram em regiões litorâneas ao chegarem à colônia. 

Brasileiros: 3.917.749 

Gomes 

Origem: é um sobrenome patronímico de origem ibérica.  Genealogistas apontam que teria surgido a partir de “Gomohari”, nome de um soldado germânico que serviu ao Império Romano no século IV. O termo, posteriormente latinizado como Gomoarius, tem o significado de guerreiro ou homem de guerra.  

Brasileiros: 3.655.921 

Nascimento 

Origem: sobrenome de origem religiosa, incialmente dado a cristãos nascidos em 25 de dezembro. No Brasil, o sobrenome ganhou ampla difusão entre povos indígenas e africanos escravizados. 

Brasileiros: 3.333.963 

Ribeiro

Origem: sobrenome toponímico, derivado do latim medieval riparius, que significa “rio pequeno”. Comum entre os portugueses e associado a quem vivia próximo a rios ou riachos, no Brasil o sobrenome foi muito utilizado por indígenas e africanos escravizados.

Brasileiros: 3.047.852 

Jesus 

Origem: sobrenome de origem religiosa, ligado à figura do messias cristão Jesus de Nazaré. Na tradição ibérica, era comum que mulheres, que muitas vezes não recebiam o sobrenome do pai, fossem identificadas por nomes ligados à fé, os quais acabaram se tornando sobrenomes ao longo do tempo. No Brasil, esse sobrenome se popularizou especialmente com a chegada dos açorianos no século XVIII. 

Brasileiros: 3.034.700 

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Como descobrir meus antepassados pelo sobrenome?

Com o nome de um avô ou bisavô, por exemplo, já é possível começar a busca. O caminho tradicional envolve pesquisar documentos como certidões de nascimento, registros de casamento, certidões de óbito e registros de imigração. 

Mas o sobrenome sozinho não conta a história toda. Muitas famílias brasileiras, por exemplo, possuem uma ancestralidade indígena que foi perdida ao longo das gerações. 

No Brasil colonial, era comum que pessoas escravizadas ou povos nativos recebessem o sobrenome de seus senhores ou de padres no momento do batismo. Nesses casos, um sobrenome europeu escondia outras origens. 

Nesse contexto, os testes de ancestralidade genética são fundamentais. Eles analisam o seu DNA e o comparam com bancos de dados de populações de todo o mundo. O resultado é um mapa que mostra as porcentagens de suas origens de diferentes regiões, como Europa, África, Américas e Ásia. 

No caso dos muitos brasileiros com seus sobrenomes nativos substituídos por nomes portugueses, a herança genética se torna o principal registro dessa origem. Um teste de DNA pode resgatar essa parte fundamental da identidade deles. 

Revisado por: Larissa S. Penna, Biomédica, Doutora em Biologia Celular e Molecular e Analista de Pesquisa e Desenvolvimento na Genera