Ao puxar pela memória as aulas de biologia da escola, um dos conceitos lembrados com frequência é o da mitose. Esse é o nome dado ao processo de divisão de células em que uma única célula-mãe origina duas células filhas geneticamente iguais. No corpo humano, a mitose é responsável por manter tecidos saudáveis, regenerar feridas e até garantir que o organismo cresça de maneira ordenada. Ao longo da vida, bilhões de células passam por esse ciclo.

O que é mitose? O processo de divisão celular essencial

A mitose é um tipo de divisão celular que ocorre em células eucarióticas – ou seja, com núcleo delimitado por uma membrana e organelas membranosas -, as quais estão presentes em animais e plantas.  

É um processo importante para a reprodução assexuada de organismos unicelulares, mas também fundamental para o crescimento e regeneração de organismos multicelulares, como o corpo humano.  

Nos humanos, a mitose ocorre desde o surgimento da primeira célula do bebê (zigoto) e continua acontecendo em diversos níveis até a morte. É um processo considerado fundamental para o desenvolvimento e o crescimento do corpo, além de repor as células perdidas ao sofrermos uma lesão na pele ou na renovação de células sanguíneas (hemácias) a cada 120 dias, por exemplo. 

Quais são as fases da mitose?

A mitose se inicia com uma célula diploide, que tem um número completo de cromossomos (no caso dos seres humanos é de 46). Ela ocorre logo após um período denominado intérfase, caracterizado pela duplicação do material genético; só depois é que a divisão propriamente dita começa.  

Então, a mitose se divide em quatro fases: 

  1. Prófase: os cromossomos se condensam e tornam-se visíveis ao microscópio. A membrana do núcleo começa a desaparecer, os centríolos (organelas citoplasmáticas cilíndricas) migram para os polos da célula e microtúbulos surgem entre eles, dando início à formação do fuso mitótico. 
  1.  Metáfase: os cromossomos alinham-se no centro da célula, formando a chamada placa equatorial. Cada cromossomo possui duas cromátides, que se prendem aos microtúbulos. 
  1.  Anáfase: as cromátides-irmãs (metades dos cromossomos duplicados) se separam e migram para os polos opostos da célula (em função do encurtamento das fibras do fuso mitótico). 
  1. Telófase: os cromossomos começam a se descondensar, duas novas membranas nucleares se formam e ocorre a finalização da citocinese, que é a divisão do citoplasma originando duas células filhas. 

Vale mencionar que, em algumas classificações, considera-se que entre a prófase e metáfase existe uma fase intermediária chamada prometáfase. 

Diferença entre mitose e meiose: diferenças genéticas

Mitose e meiose são processos diferentes. A meiose ocorre apenas em células germinativas, que dão origem aos gametas (óvulos e espermatozoides), e resulta em quatro células com metade do número de cromossomos da célula original. Ela é essencial para a reprodução sexual e para promover a variabilidade genética da espécie, assegurando a diversidade entre os seres humanos.  

Dessa forma, a meiose é reducional, ou seja, ela forma células com metade do material genético da célula-mãe, pois durante a fecundação (união do óvulo com o espermatozoide), forma-se um novo ser com 46 cromossomos, 23 vindos do pai e 23 da mãe. 

Já a mitose é conservadora: produz cópias com o mesmo material genético que a célula-mãe, o que também é fundamental para a manutenção da integridade dos tecidos corporais.  

Condições e doenças genéticas relacionadas a falhas no processo mitótico

Proteínas reguladoras e pontos de checagem genéticos são ativados em diferentes momentos para assegurar que nenhuma etapa da mitose ocorra fora do tempo ou de forma incompleta. 

Isso porque qualquer erro nesse processo pode ter consequências sérias. Se a célula não corrigir uma eventual falha antes de seguir com as etapas, o processo pode resultar em uma nova célula com número incorreto de cromossomos, o que pode levar a síndromes e até doenças como o câncer. 

Essas falhas na mitose podem levar à aneuploidia, uma condição caracterizada pelo número anormal de cromossomos nas células-filhas. A aneuploidia é uma causa conhecida de diversas síndromes genéticas em humanos, como a síndrome de Down (trissomia do cromossomo 21).

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Fonte: Dra. Larissa S. Penna – Biomédica