
O mioma no útero é um crescimento anormal do músculo uterino. A condição é tão frequente que se tornou a principal causa de cirurgias ginecológicas. Estimativas indicam que entre 20% e 80% das mulheres terão ao menos um mioma ao longo da vida.
A maioria delas não sentirá sintoma algum. Mas, em outros casos, porém, o tamanho ou a localização do nódulo pode provocar sangramento intenso e dor crônica na região pélvica. Por isso, o impacto na vida da mulher é o que decide se o caso precisa ou não de tratamento.
O que é mioma no útero?
O mioma uterino é um tumor sólido e benigno que se forma a partir do tecido muscular do próprio útero. Isso significa que ele não é um câncer e não tem capacidade de se espalhar para outras partes do corpo.
Esses nódulos, também conhecidos como leiomiomas ou fibromas, podem ter tamanhos muito variados. Alguns são minúsculos, do tamanho de um grão, enquanto outros podem crescer e atingir grandes dimensões.
A formação do mioma acontece quando as células do miométrio, a camada muscular do útero, começam a se multiplicar de forma desorganizada. Eles podem aparecer como um nódulo único ou em múltiplos focos.
A localização e o tamanho desses tumores são os fatores que mais influenciam para o surgimento ou não de sintomas.
Quais os tipos de mioma no útero?
Existem três tipos principais de mioma:
- Subserosos: eles se desenvolvem na parte mais externa do útero, crescendo em direção à cavidade abdominal. Geralmente, não afetam o fluxo menstrual, mas, se crescerem muito, podem comprimir órgãos vizinhos, como a bexiga e o intestino.
- Intramurais: ficam dentro da espessura da parede muscular do útero. São o tipo mais comum. Conforme crescem, podem distorcer a anatomia do útero e provocar aumento do fluxo menstrual e cólicas.
- Submucosos: são os menos frequentes, mas costumam causar mais sintomas. Eles crescem logo abaixo do endométrio, a camada que reveste o interior do útero, e se projetam para dentro da cavidade uterina. Podem causar sangramentos intensos e, em alguns casos, dificultar uma gravidez.
- Pediculado: se mantém ligado ao útero por um fino cordão de vasos sanguíneos chamado pedículo. Este cordão pode torcer e causar uma dor abdominal intensa e súbita.
O que causa mioma no útero?
O desenvolvimento de miomas no útero está ligado principalmente a fatores genéticos e hormonais. Os hormônios femininos, especialmente o estrogênio, atuam como um combustível para o crescimento desses nódulos.
É por isso que os miomas costumam aparecer durante a idade reprodutiva da mulher, quando os níveis de estrogênio são mais altos.
Depois da menopausa, com a queda drástica na produção desse hormônio, a tendência é que os miomas diminuam de tamanho ou até desapareçam.
Mioma é hereditário?
O mioma pode ser hereditário, já que existe a influência de fatores genéticos no desenvolvimento de miomas. É muito comum que a condição se repita entre mulheres da mesma família. Portanto, se sua mãe ou irmãs tiveram miomas uterinos, sua chance de também desenvolver é maior.
A ciência já identificou algumas alterações em genes que estariam ligadas à formação desses tumores. Por isso, conhecer o histórico familiar ajuda o médico a fazer um acompanhamento mais próximo e a investigar a condição mais cedo.
Quem tem mais chance de ter mioma?
O principal fator que aumenta a probabilidade de uma mulher desenvolver miomas é a predisposição genética. Mas temos outros fatores, como hormonais (estrogênio e progesterona), menarca precoce, obesidade, histórico familiar, ausência de gestações e etnia. Veja mais detalhes a seguir.
- Idade: miomas são mais comuns em mulheres entre 30 e 50 anos.
- Etnia: mulheres negras têm uma propensão maior a desenvolver miomas. Nelas, os tumores costumam aparecer mais cedo e em maior quantidade.
- Primeira menstruação precoce: menstruar pela primeira vez muito jovem aumenta a exposição ao estrogênio ao longo da vida.
- Obesidade: o tecido gorduroso também produz estrogênio, o que pode favorecer o crescimento dos nódulos.
- Não ter filhos: mulheres que nunca engravidaram parecem ter um risco um pouco maior.
Sintomas de mioma no útero
Muitas mulheres com mioma não apresentam nenhum sintoma, e o diagnóstico acontece por acaso em um exame de rotina. Quando os sinais aparecem, os mais comuns são o sangramento menstrual intenso e prolongado e o aumento das cólicas.
Esses sintomas estão diretamente ligados ao tamanho e, principalmente, à localização do nódulo. Além deles, outros sintomas podem estar presentes:
- Sensação de pressão ou dor na região pélvica.
- Aumento do volume do abdômen.
- Necessidade de urinar com mais frequência, causada pela compressão da bexiga.
- Dor durante as relações sexuais.
- Prisão de ventre ou dificuldade para evacuar.
- Em alguns casos, dificuldade para engravidar ou abortos de repetição.
Como é feito o diagnóstico?
Se, na consulta de rotina, o ginecologista suspeitar da condição, o primeiro exame a ser solicitado é a ultrassonografia transvaginal. Ela oferece boas imagens do útero e consegue identificar a maioria dos miomas.
Em situações específicas, quando há dúvidas ou é preciso um detalhamento maior para planejar uma cirurgia, outros exames podem ser necessários, como a ressonância magnética da pelve (para avaliação detalhada) ou a histeroscopia diagnóstica, que visualiza o interior do útero com uma microcâmera (para miomas submucosos).
Somente o médico que acompanha a mulher pode definir quais exames de rotina são necessários, e ela deve mantê-los em dia. Com o diagnóstico precoce, as chances de uma resposta favorável ao tratamento são maiores.
Quais os tratamentos?
O tratamento do mioma só é indicado para as mulheres que apresentam sintomas. Se os nódulos são pequenos e não causam nenhum desconforto, a conduta mais comum é apenas o acompanhamento periódico com o ginecologista.
Mas, se o tratamento é necessário, ele vai depender da idade da mulher, da intensidade dos sintomas e do eventual desejo de engravidar no futuro.
O tratamento clínico, com uso de pílulas anticoncepcionais ou DIU hormonal, não elimina os miomas, mas ajuda a controlar os sintomas, como o sangramento excessivo e as cólicas.
Já o tratamento cirúrgico pode retirar apenas os miomas (miomectomia), preservando o útero, ou, em casos mais graves, remover todo o órgão (histerectomia). Existem ainda outras técnicas, como a embolização das artérias uterinas, que corta o suprimento de sangue para o mioma, fazendo com que ele encolha.
Painel Outubro Rosa
Avanços na medicina permitem hoje uma abordagem mais preventiva e personalizada da saúde. Um exemplo é o Painel Outubro Rosa, um teste genético do laboratório Genera focado na saúde ginecológica. Ele analisa a predisposição da mulher a diversas condições, incluindo o desenvolvimento de miomas uterinos.
Além de investigar o risco para miomas, esse painel avalia genes importantes, como o BRCA1 e BRCA2, ligados a um risco aumentado de desenvolver câncer de mama e ovário.
Ao entender suas predisposições genéticas, a mulher pode, junto com seu médico, traçar estratégias mais eficientes de prevenção e diagnóstico precoce.
Fonte: Dra. Maria dos Anjos Neves Sampaio Chaves, ginecologista e Larissa Bonasser, bióloga, mestre em Ciências da Saúde