A compulsão alimentar é uma condição que afeta pessoas em todo o mundo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 2,5% da população mundial é afetada pela condição. Já no Brasil, esse percentual pode ser quase o dobro: 4,7% dos brasileiros têm algum tipo de transtorno alimentar.

Essa condição pode causar inúmeros prejuízos à saúde física e mental, e está fortemente relacionada a questões emocionais. Entretanto, além dos fatores ambientais, a genética também pode influenciar a maneira como o cérebro controla o nosso apetite e nosso comportamento em relação aos alimentos.

O que é compulsão alimentar?

A compulsão alimentar é um transtorno associado à ingestão de uma grande quantidade de alimentos durante um curto período de tempo. Geralmente, esse comportamento está associado à sensação de falta de controle: o indivíduo não consegue parar de comer ou controlar a quantidade do que está ingerindo.

Vale ressaltar que a condição é diferente de exagerar na alimentação em eventos pontuais, como em uma festa, por exemplo. A compulsão alimentar é um transtorno psiquiátrico que necessita de ajuda profissional.

É bastante comum que as pessoas com compulsão alimentar sintam vergonha e culpa durante o episódio compulsivo, o que pode afetar, além de sua saúde física, sua saúde mental, podendo levar à outras condições graves, como a bulimia.

A genética pode influenciar nos transtornos alimentares?

Os transtornos alimentares, como a compulsão, estão associados a questões emocionais e ambientais, como problemas psicológicos, experiências traumáticas na infância e padrões alimentares inadequados. Contudo, a genética também pode influenciar em algumas predisposições comportamentais.

Existem vários genes que podem estar envolvidos no comportamento alimentar. Alguns estão relacionados à sensação de saciedade, por exemplo, outros à ansiedade e, até mesmo, à fome emocional.

Nos Painel Genera Nutri, disponível nos pacotes Standard e Premium da Genera, há alguns relatórios disponíveis que analisam certas predisposições genéticas que podem influenciar o comportamento alimentar:

  • Fome emocional: esse comportamento pode ser estimulado por emoções negativas, como tristeza e ansiedade, que costumam ser as principais estimuladoras da fome emocional, assim como por variações genéticas, que podem causar predisposição para desenvolver esse comportamento. O gene FTO, presente no cromossomo 16, foi associado à obesidade e estudos relatam seu papel no desenvolvimento de distúrbios alimentares.
  • Ingestão de açúcares: estudos científicos têm demonstrado que fatores genéticos desempenham um papel importante na escolha dos alimentos ingeridos e podem influenciar na quantidade de açúcares que cada indivíduo consome. O gene SLC2A2, presente no cromossomo 3, é responsável por uma proteína envolvida na resposta do organismo após o consumo de açúcares.
  • Sensação de saciedade: fatores genéticos associados à redução da sensação de saciedade podem levar ao consumo excessivo de alimentos. O gene FTO, presente no cromossomo 16, participa da regulação do apetite e no equilíbrio entre a ingestão de alimentos e o gasto de energia.
  • Sensibilidade à cafeína: a cafeína tem efeito estimulante, aumentando o funcionamento do cérebro e o estado de alerta, podendo às vezes até causar ansiedade. Fatores genéticos podem estar associados ao aumento da ansiedade após a ingestão dessa substância, como o gene ADORA2A, presente no cromossomo 22.

Compreender essas influências genéticas pode ser um importante passo para desenvolver estratégias eficazes para lidar com nossos comportamentos alimentares e com nossa relação com a comida, além de nos ajudar a ter mais saúde, bem-estar e qualidade de vida.

“Os testes genéticos têm se mostrado uma ferramenta valiosa para revelar predisposições a essas condições, oferecendo insights fundamentais para cuidados preventivos”, afirma Ricardo di Lazzaro, médico geneticista e cofundador da Genera.

Mas, se você está preocupado com a possibilidade de ter compulsão alimentar, é importante procurar ajuda profissional. O acompanhamento por um especialista pode ajudar você a controlar o transtorno e a melhorar sua saúde física e mental.

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