Após ser deixada em um orfanato aos 5 anos, uma senhora agora com 77, com o apoio da neta, faz um teste genético e reencontra sua família biológica após mais de 6 décadas sem notícias. Agora, ela sabe qual o seu nome de registro e recupera parte de sua história perdida no tempo.

A descrição acima parece enredo de novela, não é mesmo? Mas é uma história real: a da aposentada Selma Aparecida Gomes Moura e de sua neta Ingrid Gregório.

Quando tinha cerca de 5 anos de idade, Selma foi deixada por sua família biológica em um orfanato. Ela foi criada pela funcionária de uma escola em Belo Horizonte e, desde então, não teve mais contato e nem notícias de seus familiares.

Parte de suas raízes também foi apagada com a separação, devido à pouca idade que tinha na época para se lembrar de sua história e do próprio nome de nascimento.

Desde a juventude, quando pode entender melhor o ocorrido, seu sonho sempre foi reencontrar sua família biológica e resgatar a parte que se perdeu de sua história.

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Apesar da falta de respostas, a esperança nunca se esgotou

A busca por suas origens e por qualquer pista que revelasse informações sobre seus familiares nunca parou. Selma chegou a escrever e enviar inúmeras cartas para rádios locais e programas de televisão que promoviam encontros entre pessoas que não se viam há muito tempo.

“Triste vida a minha. Não ter pai nem mãe ou um parente me dá uma dor no coração, desespero, tristeza. Sem nenhuma notícia má, notícia ruim. Nem uma pista. Nem a origem de onde vim, onde nasci, meu nome verdadeiro. Falo assim para as pessoas quando me perguntam: ‘tenho hoje 69 anos porque não sei quantos anos eu tenho’”, relata em uma dessas cartas, escrita em 2014 e copiada dezenas de vezes ao longo dos anos.

A falta de respostas e de qualquer informação ao longo de tantos anos de busca preocupavam Selma: “Saber que minhas filhas não conheceriam suas tias. E eu sem saber meu nome, quem era minha mãe, de onde eu vim, para onde eu ia… sem conhecer ninguém. Tinha esperança, mas não tinha pista alguma”.

Selma Aparecida Gomes Moura. Foto: Gesse Silva e Ecoa UOL

Uma luz no fim do túnel

A neta de Selma, a analista contábil Ingrid Gregório, não suportava ver o sofrimento de sua avó com a falta de respostas e a ajudava nas buscas por suas origens.

“Ver minha avó não sabendo sua origem e o seu nome de nascimento era muito doloroso para nós. Nos Dias das Mães ela sempre saía, ficava retraída, viajava… Via minha avó triste, chorando”, relata Ingrid.

Foi então que se acendeu uma luz no fim do túnel. Ingrid assistiu a um programa em que judeus faziam testes genéticos para reencontrar seus familiares, e então ela procurou algo similar no Brasil e acabou encontrando a Genera.

Além de realizar testes genéticos, a Genera possui a plataforma Busca Parentes. Essa ferramenta lista as pessoas que também fizeram o teste e que deram “match” de DNA, ou seja, que possuem algum grau de parentesco devido às similaridades genéticas.

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“Quando ela falou do teste fiquei com coração cheio de esperança. Ainda mais por ser DNA. Graças a Deus, minha neta descobriu”, revelou Selma.

A ansiedade pelo resultado

Como Ingrid mora no Rio de Janeiro e Selma em Belo Horizonte, mais de 440 quilômetros impediam que Ingrid ajudasse sua avó com a coleta do exame e devolução ao laboratório da Genera. E elas gostariam de compartilhar esse momento tão importante.

Mas, durante um fim de semana, Selma foi visitar a neta e conseguiram, então, realizar juntas o procedimento de coleta e devolução. E agora teriam que lidar com a angústia de esperar pelo resultado.

“Já sou uma pessoa assim naturalmente, mas fiquei super ansiosa. Todos os dias entrava no meu e-mail para saber se havia recebido o resultado. Até que um dia apareceu. Liguei para minha irmã e abrimos juntas a plataforma da Genera”, conta Ingrid.

Selma e Ingrid contaram sua história em um painel de Origens, programa produzido pelo Ecoa e transmitido nas plataformas do UOL. Foto: Gesse Silva e Ecoa UOL

A ideia inicial das irmãs era anunciar os resultados da avó no próximo Dia das Mães, quando toda a família estaria reunida em um churrasco ao lado da matriarca. Mas não havia sentido guardar essa informação por mais tempo, depois de tantas décadas de espera.

A saída foi agendar uma chamada por aplicativo. Sem contar o assunto, mas avisando de que se tratava de algo importante, as meninas deixaram toda a família curiosa e com expectativas da notícia.

Alguns familiares especulavam sobre uma possível gravidez, outros sobre dinheiro ganho na loteria… mas quando souberam do que se tratava, a emoção tomou conta de todos, pois a surpresa não poderia ser melhor.

“Eu tenho um nome!”

Ao receberem os resultados, a plataforma da Genera indicou alguns possíveis parentes da família biológica perdida de Selma. A possibilidade de um reencontro com suas primas se tornou real, e todos se emocionaram.

“Todo mundo chorou. Foi emocionante ver a minha avó sorrindo com a história, de orelha a orelha”, relata Ingrid.

Após realizar o contato com um possível parente, o trabalho seguinte foi tentar encontrar o restante da família pelas redes sociais. E o empenho de Ingrid deu certo! Ela conseguiu encontrar as primas de sua avó.

Após alguns dias, o reencontro aconteceu. Selma pode ouvir sobre a sua história e se reconectar com suas origens. E descobriu também um fato inusitado: seu nome de nascimento era Maria das Graças de Assis. E agora ela anseia pelos ajustes em seus documentos.

“Nossa Senhora! É uma vida, né? Estava me sentindo muito alegre por saber que encontraram a minha família biológica, apesar de todo mundo ter dito que seria difícil demais. Hoje, fico feliz por saber que eu tenho nome, tive mãe, pai e não saí do oco do pau”, conta Selma – ou melhor, Maria das Graças.

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