Definir alguém como introvertido e extrovertido parece fácil. Geralmente, associamos o primeiro à timidez e o segundo à sociabilidade. Mas a ciência por trás da personalidade é bem mais complexa. 

Esses termos foram criados pelo psiquiatra Carl Jung em 1921 para descrever como as pessoas direcionam sua energia: para o mundo interno ou para o externo. Mas, desde então, a ciência avançou bastante nesse sentido. 

Hoje, sabemos que a personalidade é um espectro. E que a maioria de nós não está em um extremo ou outro, mas em algum ponto do meio. Entender onde você se encaixa pode ser uma ferramenta de autoconhecimento. 

O que é ser extrovertido?

Uma pessoa extrovertida direciona sua energia para o mundo exterior. Ela busca estímulos em interações sociais, eventos e atividades em grupo. E a sua principal característica é a motivação para o engajamento social. 

Essa busca por interação tem uma base biológica. O comportamento extrovertido é alimentado pela dopamina, uma substância que atua nos circuitos de recompensa do cérebro.  

Por isso, pessoas com esse perfil sentem prazer em situações que envolvem atenção ou status social. Elas são impulsionadas a explorar mais o ambiente e a se conectar com os outros. 

No entanto, é um erro pensar que extroversão é sinônimo de alta competência social. Embora pareçam mais hábeis socialmente, isso acontece porque costumam imitar mais o comportamento das pessoas com quem interagem, criando uma conexão mais rápida. 

Características de uma pessoa extrovertida

Pessoas extrovertidas geralmente são vistas como muito sociáveis. Elas se sentem à vontade em festas e grandes grupos, onde costumam ser falantes e assertivas. No ambiente profissional, são proativas e orientadas para a ação. 

Além disso, outras características comuns seriam: 

  • Busca por recompensa: o principal motor da extroversão é a busca por recompensas sociais, como atenção e reconhecimento.
  • Regulação de humor: pesquisas sugerem que extrovertidos tendem a regular melhor o humor em comparação com introvertidos. 
  • Cansaço social: mesmo as pessoas mais extrovertidas se cansam com a socialização. A diferença é que elas podem levar mais tempo para sentir esse esgotamento. 
  • Habilidade de conexão: criam relacionamentos com mais facilidade, muitas vezes por imitarem o comportamento dos outros sem perceber. 

O que é ser introvertido?

Ser introvertido significa direcionar a energia para o mundo interno. Pessoas com esse perfil preferem ambientes mais calmos e com menos estímulos. E recarregam suas energias passando um tempo sozinhas. 

Introversão não é indiferença ou timidez. Mas sim uma baixa motivação para o envolvimento social intenso. Ao contrário dos extrovertidos, os introvertidos não têm a sensação de recompensa a partir de muitas experiências sociais. 

Por serem mais introspectivos, costumam ser bons ouvintes. Em ambientes de trabalho, líderes mais introvertidos estimulam a proatividade de suas equipes. 

Características de uma pessoa introvertida

Uma pessoa introvertida é tipicamente reflexiva e introspectiva. Ela valoriza interações mais profundas e, por isso, prefere conversar com uma pessoa de cada vez ou estar em pequenos grupos. 

Outros traços marcantes são: 

  • Necessidade de recarregar: depois de eventos sociais, anseiam por um tempo a sós para recuperar a energia, ou, como dizem, “recarregar a bateria social”.
  • Preferência por calma: sentem-se mais confortáveis em ambientes com menos estímulos externos. 
  • Boa capacidade de escuta: em geral, pessoas menos extrovertidas são vistas como melhores ouvintes. 
  • Foco na profundidade: em vez de muitas conexões superficiais, tendem a valorizar poucos relacionamentos, mas mais significativos. 

Existe um meio-termo entre introvertido e extrovertido?

Sim, existe, e a maioria das pessoas se encaixa nele. Esse perfil intermediário é chamado de “ambivertido”. O termo foi proposto na década de 1940 para descrever quem não se encaixa nos extremos de introversão ou extroversão. 

Ambivertidos têm uma personalidade mais equilibrada e flexível. Eles conseguem transitar entre momentos sociais e solitários sem dificuldade. Podem ser falantes em uma festa e ótimos ouvintes em uma conversa a dois.   

Especialistas afirmam que essa flexibilidade permite que eles se conectem com mais tipos de pessoas. Os ambivertidos sabem a hora de falar e a hora de ouvir, ajustando seu comportamento à situação. 

A genética pode influenciar essas características?

Sim, a genética tem uma influência importante. Estudos mostram que traços de personalidade como a introversão e a extroversão podem ser influenciados pela genética.  

Isso acontece porque a forma como a genética influencia no nosso comportamento está ligada a variações no DNA que herdamos de nossos pais. 

Um campo científico chamado genômica social e do comportamento estuda exatamente isso. Por meio de análises de milhões de variações no DNA, os cientistas conseguem calcular um “escore de risco poligênico”. Esse cálculo indica a propensão de uma pessoa para manifestar certos comportamentos e traços de personalidade, como, por exemplo, ansiedade, estresse, introversão e extroversão. 

No laboratório Genera  o teste genético pode revelar a predisposição de uma pessoa para a impulsividade e como ela pode reagir diante de situações estressantes (Gene guerreiro), características disponíveis no painel You. Além disso, assinantes do Genera Sempre também têm acesso a outras características comportamentais exclusivas, como extroversão, desorganização, medo e raiva.    

Mas vale ressaltar que genética não é destino. Ela indica uma tendência, mas o ambiente em que vivemos também molda quem somos. E, em geral, as características psicológicas são poligênicas, ou seja, influenciadas por centenas de genes, e não apenas um. 

As características têm início na infância ou pode só surgir na idade adulta?

As características de personalidade começam a se formar na infância. Nessa fase, a influência dos pais e do ambiente é mais determinante do que a genética. 

A forma como os pais conversam, leem e estimulam seus filhos exerce um papel essencial na construção da personalidade. O que uma criança aprende e vive nesse período é levado para o resto da vida. 

Já na vida adulta, essa balança pode se inverter. A genética passa a ter uma influência maior, podendo chegar a 80% em traços como a inteligência herdada.  

Ainda assim, a personalidade não é algo totalmente fixo. Traços como introversão e extroversão podem mudar com o tempo, especialmente com o envelhecimento. 

Um introvertido pode transformar-se num extrovertido?

Uma transformação completa é rara, mas um introvertido pode aprender a agir de forma mais extrovertida e se beneficiar disso. A personalidade funciona como um espectro, e a maioria das pessoas possui capacidades tanto introvertidas quanto extrovertidas.  

Especialistas sugerem pensar em introversão e extroversão como “verbos”. A pessoa pode escolher “virar para dentro” (introversão) ou “virar para fora” (extroversão) dependendo da situação. Sair da zona de conforto pode inclusive trazer benefícios psicológicos. 

Uma pesquisa conduzida pelo psicólogo John Zelenski, da Carleton University, em Ottawa (Canadá) descobriu algo interessante. Quando pessoas que se identificavam como introvertidas agiam intencionalmente de forma mais extrovertida, seu humor melhorava.  

A maioria dos participantes também relatou se sentir autêntica ao fazer isso, como se estivessem expressando seu verdadeiro “eu”. Portanto, o ideal é cultivar a adaptabilidade. 

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Fontes: Carolina Martins do Prado, assessoria científIca Dasa e Larissa Bonasser, bióloga, mestre em Ciências da Saúde e analista de Pesquisa e Desenvolvimento na Genera