Uma pesquisa inédita realizada pela Genera indica que 1,04% da população brasileira analisada apresenta combinação genética que pode apontar risco maior de desenvolver Alzheimer. Para essa análise, foi utilizada uma base com mais de 60 mil amostras de DNA.

Continue a leitura para entender mais sobre a doença de Alzheimer e sua relação com a genética.

O que é Alzheimer e quais os sintomas?

O Alzheimer é uma doença neurodegenerativa. É caracterizada pela perda gradual das habilidades cognitivas de raciocínio e memorização e, consequentemente, dos processos de tomada de decisão e de localização. Pessoas acometidas por essa doença podem apresentar alterações no humor e confusões mentais. Portanto, podem ter dificuldades para desenvolver atividades simples do cotidiano.

Em geral, a doença afeta pessoas idosas, mas, mais raramente, também pode atingir pessoas mais novas. Entre os fatores de risco estão a idade avançada, os maus hábitos alimentares, o sedentarismo e os fatores genéticos.

1,04% dos brasileiros analisados apresenta genótipos que podem indicar risco maior de desenvolver Alzheimer

A Genera analisou cerca de 60 mil amostras de DNA para a realização da pesquisa, utilizando como referência estudos científicos que associam certos genótipos ao risco de desenvolver a doença de Alzheimer.

Além de outros fatores genéticos que podem influenciar no desenvolvimento da doença de Alzheimer, uma associação genética em particular aumenta aproximadamente de 11 a 21 vezes o risco de desenvolver a condição: a combinação de genótipos CC para dois marcadores específicos, rs429358 e rs7412, presentes no gene APOE.

A comparação dessa combinação genética com as amostras de DNA analisadas pela Genera indica que 1,04% dos brasileiros que realizaram o teste genético tem esse risco aproximadamente 11 vezes maior de desenvolver Alzheimer.

O gene APOE e sua relação com o Alzheimer

Um estudo liderado por pesquisadores brasileiros da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS), em parceria com universidades de Pittsburgh (EUA), McGill (Canadá) e de Gotemburgo (Suécia), indica que a presença de variantes ε4 do gene APOE tem relação com o Alzheimer. A pesquisa foi publicada no final de setembro de 2023 na revista especializada Nature Aging.

De acordo com o estudo, a presença de um alelo dessa variante aumenta de 3 a 4 vezes o risco de Alzheimer, enquanto a presença de dois alelos aumenta o risco de 12 a 15 vezes a mais para o desenvolvimento da doença. Ainda segundo os pesquisadores, 25% da população brasileira possui uma cópia da variante, enquanto 1% chega a ter duas.

Isso ocorre por que variantes do gene APOE aceleram o acúmulo de proteínas específicas no cérebro, o que pode causar declínio cognitivo associado à doença de Alzheimer.

A importância dos estudos genéticos

Os resultados de estudos genéticos como esses têm implicações profundas para a compreensão da doença e seu potencial impacto nas estratégias de prevenção e tratamento.

A doença de Alzheimer é uma condição devastadora que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. Essa descoberta genética lança luz sobre a possível contribuição dos fatores genéticos para o risco da doença, abrindo caminho para pesquisas mais aprofundadas e estratégias de prevenção mais direcionadas. Compreender a base genética dessa condição é crucial para desenvolver abordagens de prevenção e tratamento mais eficazes.

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